Por Safii-chan
Yoo Minna!
Como prometido, mais um capítulo para vocês!
***
Capítulo VIII - Back to my old life
Faz, exatamente, dois anos e meio desde que Ten voltara à Tailândia. Um ano desde que concluíra o Ensino Médio, e seis meses desde que vinha trabalhando incessantemente para juntar dinheiro o suficiente para retornar à Coreia. No início, era difícil conciliar a faculdade com o emprego, mas depois se acostumara e estava até mais empolgado, sabendo que estava cada vez mais próximo de conseguir o que queria.
Ten pensava que seu maior motivo para retornar era Taeyong, mas com Mark ao seu lado, nem se lembrava mais do quanto um dia o amou. Queria morar na Coreia para construir uma vida com o Lee mais novo, coisa que não poderia fazer na presença de seu pai. Queria também realizar seu sonho de se tornar um cantor, futuro este que, só será promissor, se se tornar um trainee nas famosas empresas de entretenimento coreanas.
- Chittaphon! – Uma figura de avental preto o chamava. – Vem aqui, por favor.
- Sim, chefe. – O homem de meia idade estava com uma faca em mãos, cortava legumes para colocar no macarrão.
- Seu pai ligou. – Enquanto conversavam, o cozinheiro balançava o objeto cortante, o que fez Ten desviar algumas vezes para não ser atingido.
- E o que ele queria?
- Que você fosse embora mais cedo.
- Por que o senhor me liberou? Podia ter inventado uma desculpa para eu ficar...
- Eu disse que o restaurante estava muito cheio e que você não podia sair, mas sabe como ele é né?! Não aceitou de jeito nenhum e até ameaçou impedi-lo de trabalhar aqui. E como você é meu único funcionário, não posso arriscar perde-lo.
- Merda... obrigado mesmo assim. Estou indo na frente então.
- Tome cuidado na rua.
- Pode deixar. – Os dois se despediram e Ten se retirou.
Alguns minutos de caminhada e já estava na porta de casa. Tomava coragem para entrar, pois sabia que quando seu pai o chamava desse jeito, coisa boa não o esperava. Quando finalmente decidiu entrar, sua mãe estava aos prantos no chão e seu pai em cima, com um cinto em mãos.
- O QUE TÁ ACONTECENDO AQUI? – Gritou ao ver a chocante cena.
- ESSA VADIA ME TRAIU.
- NÃO FALA ASSIM DA MINHA MÃE. – Se aproximou e desferiu um soco nas maçãs do rosto alheio, que cambaleou com a pancada. – Você está bem, mãe? – Quando se abaixou, percebeu a gravidade dos ferimentos: um rasgo que passava por toda a bochecha esquerda, provavelmente feito pela fivela, e hematomas nos ombros. – Ai meu Deus, temos que ir ao hospital, urgentemente.
- CUIDADO! – O aviso da mulher não foi rápido o suficiente, Ten foi atingido nas costas pelo pai que acabara de se levantar.
- VOCÊ NÃO SE META, SEU VIADINHO DE BOSTA.
E foram as últimas palavras que ele ouviu, antes de desmaiar.
- Ten! – Acordara atordoado e sem sentidos. Estava em um lugar muito iluminado, as luzes passavam rápido por seus olhos. Estava em movimento? – Ten! – O menino de cabelos negros o chamou mais uma vez, que fez o tailandês ficar consciente por alguns segundos. – Estamos no hospital, sua mãe me ligou e vim correndo para cá.
- MINHA MÃE! – Ele gritou ao se lembrar do ocorrido. Começou a se debater, mas foi contido por pessoas de branco que deduziu serem enfermeiros.
- Ela está bem. Já recebeu os primeiros socorros. Está dando um depoimento para a polícia. Seu pai foi detido.
“Como ela conseguiu fugir dele?” Pensou.
- Seus ferimentos foram mais graves que os dela. Depois que você desmaiou, seu pai te agrediu mais ainda. Ela conseguiu correr e pedir ajuda pros vizinhos, que chamaram a polícia.
“Ah, meus vizinhos...”
- E outra coisa... eu contei para ela que estamos juntos.
***
- Filho! – A mulher de meia idade corria em direção ao maior. – Como você está?
- Eu que te pergunto isso, mãe... como a senhora está?
- Meus ferimentos foram mais leves que os seus.
- E este corte no seu rosto? – Perguntou, acariciando a ferida com curativo.
- Eu vou ficar bem. Mas e as suas costas?
- Estão doloridas. Mas vou ficar bem. – Riram em silêncio. – Me desculpa.
- Te desculpar pelo o que?
- Você sabe... eu estava longe e também...
- Eu sei que você e o Mark estão juntos.
- Desculpa ser uma decepção pra senhora. Sei que sempre sonhou que eu construísse uma família e tivesse filhos.
- Mas você ainda pode me dar essas coisas! Só quero que você seja feliz, meu Tenzinho... além do mais, se for para ter um marido como o meu, prefiro que não tenha uma família. – Os dois se calaram naquele momento.
- E ele?
- Está na delegacia. Farei corpo delito no final da semana.
- Sem necessidade, até porque, olha o seu estado. Olha o meu estado. Os vizinhos estão de prova da discussão que tiveram.
- É tudo por causa da burocracia. Não se preocupe, vai dar tudo certo.
- Mãe, o que aconteceu entre vocês?
- Eu comentei que achava que era melhor nos separarmos. Ele estava ficando paranoico com você se envolvendo com garotos e descontava em mim as frustações.
- M-me desculpe, é culpa minha... – Lamentou.
- De jeito nenhum! Todo mundo tem direito de ser feliz! Se a sua felicidade está em garotos, que você a encontre então. A culpa não foi sua, seu pai que é um doente. Falei que queria me divorciar e ele botou na cabeça que eu tinha arranjado outro homem.
- Mãe...
- O quê?
- Eu quero voltar pra Coreia. Não quero mais fazer administração. Quero me tornar um cantor. A senhora sabe o quanto eu amo dançar, quero seguir meus sonhos.
- Imaginei. Estranhei demais a sua dedicação com o trabalho. Eu tenho minhas economias, posso ajudar a pagar a sua estadia até que você se estabilize lá.
- Quero que a senhora vá comigo.
- Não posso. Seu avô está muito doente, não quero deixa-lo sozinho.
- E eu não quero deixa-la com aquele homem por perto. Ele é um psicopata!
- Voltarei para minha cidade natal. Ele nunca mais me achará, te garanto.
- Mesmo assim, meu pai é capaz de tudo. Não me sinto seguro quanto a isso.
- Ten, vá viver sua vida com seu namorado. Se liberte de mim. Eu sou bem grandinha, ficarei bem.
- Mas, mãe...
- Ten Chittaphon, a partir de hoje, você terá um mês para sair de casa. Está oficialmente expulso. Se passar esse prazo e ainda não tiver se mudado, saiba que não entrará dentro de casa mais.
- A senhora não está falando sério...
- Quer pagar pra ver?
***
A despedida foi muito dura. Antes de retornar, Ten fez questão de se certificar que sua mãe estava bem escondida de seu pai, e que este estava apodrecendo na cadeia. Estava ansioso em saber que retornaria à Coreia, mas estava apreensivo porque não queria deixar sua mãe para trás, mas ele sabia que ela podia se virar sozinha, afinal, sempre fora uma mulher muito valente e independente.
Mal esperava para finalmente realizar seu sonho: se tonar um ídolo e construir uma vida ao lado de seu amado. Sabia que o caminho não seria fácil, mas tentaria se tornar um trainee o quanto antes.
Desde que começaram a namorar, Chittaphon vinha ensinando a Mark a língua coreana, e este se provara ser um ótimo estudante, estava quase se tornando fluente
Agora, ambos se encontravam dentro do avião que pousaria em território coreano em poucos segundos. Com o nervosismo o inundando, o tailandês segurava forte as mãos do canadense, que sorria com a situação.
Quando desembarcaram, Ten correu para a esteira pegar suas bagagens – que pagou caro, visto que traziam consigo todo seu guarda-roupa e extrapolaram o limite de peso – e chamar um táxi, para que os levasse ao hotel onde ficariam provisoriamente.
- Amanhã tenho um encontro com o corretor que mostrará o apartamento. – Comentou o menor.
- Estou muito feliz que finalmente voltei. – Disse, se jogado na cama da suíte. – Em breve teremos um lugarzinho só para nós. – Se agarrou ao namorado e depositou um selo nos lábios alheios.
- Conseguiu falar com seus amigos?
- Mandei uma mensagem pro Doyoung, mas ele ainda não me respond- - Fora interrompido pela vibração do celular. – Falando do diabo, uma mensagem dele.
[Doyoung bestie] CARALHO MANO, QUANTO TEMPO PQP. ONDE VOCÊ TÁ? TEMOS QUE BOTAR O PAPO EM DIA. DOIS ANOS SEM TE VER PORRA.
[10] POIS É MANO. VOLTEI PRA COREIA, DEFINITIVAMENTE. A GENTE TEM QUE SE ENCONTRAR, TENHO QUE TE CONTAR OS BABADOS.
[Doyoung bestie] TAMBÉM TENHO. MUITA COISA MUDOU, VOCÊ NÃO TEM NOÇÃO. MUITA COISA.
[10] Hoje estou cansado da viagem, mas amanhã está livre? Ainda existe aquele bar que sempre íamos?
[Doyoung bestie] Existe sim. 15h?
[10] 15h.
***
O tailandês estava apreensivo para reencontrar o amigo. Chegou quase uma hora mais cedo no ponto de encontro. E, para sua surpresa, o menino também se encontrava na mesma situação: ao fundo, numa mesa isolada do resto do bar, uma figura conhecida, mas que causava um pouco de estranheza, já que não possuía mais a cor de cabelo que se lembrava.
- DOYOUNG! – Gritou. O homem de cabelos loiros virou-se na direção da voz e abriu um imenso sorriso.
- TEN! – Os dois se aproximaram e se abraçaram fortemente. A saudade era muito grande, por isso ficaram naquela posição por um bom tempo.
- Você pintou o cabelo, viado?! Por que?
- Enjoei do ruivo. O que achou?
- Tá gatíssimo, como sempre, né? E aí? Como foram esses dois anos sem mim?
- Foram ruins, já que você não estava por perto, mas por outro lado foram maravilhosos.
- Hmm, danado. Tá namorando alguém?
- Sim.
- E eu conheço?
- Conhece. Jaehyun.
- MENTIRA.
- VERDADE, VIADO.
- Conta tudo.
- Logo depois que você voltou pra Tailândia, eu fiquei muito deprimido, então ele sempre ficou ao meu lado pra me consolar. Eu não sentia nada por ele além de uma enorme gratidão pela amizade, até que um dia ele se confessou, só que eu não sabia como reagir, pedi um tempo pra pensar antes de responde-lo.
- E nesse tempo você viu o quanto o amava.
- Exatamente. Mas e você?
- Muita coisa aconteceu comigo. Assim que eu voltei, achei que a minha vida seria uma bosta, só que, no mesmo dia que eu me matriculei no colégio, veio um aluno transferido do Canadá.
- Do Canadá? Veio de tão longe?
- Pois é. Nós ficamos muito amigos. Ele me disse que era gay e eu também era, aí... já sabe né?
- Não, não sei mesmo. – Ten estendeu a mão direita para mostrar o anel no dedo. – Aliança?
- Estamos noivos.
- MENTIRA.
- VERDADE, VIADO.
- Mas e o seu pai? – Chittaphon ficara em silêncio.
- Meus pais se separaram. Há um mês atrás minha mãe pediu divórcio, só que meu pai não aceitou e ele bateu nela. Eu entrei na briga e acabei ganhando isso. – Ele se levantou da cadeira e subiu a blusa, virando de costas para mostrar a enorme cicatriz. – Nós o denunciamos e ele está preso. Minha mãe ficou na Tailândia cuidando do meu avô.
- Não tem medo dele ir atrás dela?
- Ter eu tenho né, mas preciso confiar nela. Preciso viver a minha vida também. – Suspirou.
- Mas me conta mais sobre o noivado.
- Ele me pediu anteontem. Foi assim: nós fomos visitar a minha mãe na cidade dela, para podermos nos despedir. Na frente dela, ele se confessou, sacou uma aliança e me pediu em casamento. Eu, como sou apaixonado por ele, acabei aceitando. Não planejamos nada, foi tudo muito rápido.
- E qual o nome dele?
- Mark Lee.
- Lee?! – Doyoung recordou-se do antigo amor de seu amigo. – Vejo que não usa mais o cordão que ele te deu. – Falou encarando o pescoço alheio.
- Não. – Ten levou os dígitos em sua aliança. – Não uso desde que eu e Mark estamos juntos.
- Você ainda o tem?
- Claro, não jogaria uma coisa que me foi preciosa por tanto tempo, assim, fora.
- Taeyong mudou muito.
- Como assim?
- Depois que você se foi, ele se rebelou contra o pai. Disse que era gay e foi expulso de casa. Ele ficou na casa do Jaehyun por um bom tempo, até que nos formamos e ele arranjou um emprego. Soube que trabalha como barman em uma boate aqui perto.
- Quem diria, Lee Taeyong, um dos maiores herdeiros de Seul, abandonar a família e trabalhar em um emprego de meio período desses.
- Eu sei onde ele trabalha, quer ir mais tarde?
- Não sei se é uma boa ideia. Eu amo muito o Mark e tenho certeza que consegui superar o Taeyong, porém, tenho medo de que os meus sentimentos aflorem e eu volte a sentir tudo aquilo que senti um dia. Não quero abandonar o Mark, ele me faz muito bem.
- Chame ele para ir ué. É bom que você terá certeza de quem gosta. Não pode evitar Taeyong pro resto da vida, uma hora acabarão se reencontrando, ainda mais agora que está de volta. Não vai querer enganar seu noivo caso ainda tenha sentimentos por outro.
- Você tem razão.
- Em qual hotel vocês estão? Posso passar lá para pega-los.
- Te mando mensagem com o endereço.
- 21h?
- Pode ser.
***
POV TEN
Não vou mentir, estou apreensivo quanto ao meu reencontro com Taeyong. Também estou com medo, já que não contei meu real propósito de chamar Mark para ir em uma boate. Disse para ele que apresentaria Doyoung, o que não deixa de ser verdade, mas omiti a parte do “quero ver meu primeiro amor para ter certeza de que não o amo mais”.
Nós descemos e ficamos esperando na recepção do hotel. Em poucos minutos, ouço o barulho de uma buzina e vejo que é meu amigo dirigindo e, ao seu lado, outra figura que não via há anos.
- JAEHYUN, QUANTO TEMPO! – Ele saiu do carro e o cumprimentei.
- Você está lindo, como sempre. Não mudou nada. E quem é esse?
- Ué, Doyoung não te contou?
- Ele é um inútil. Não me conta nada.
- Este é Mark Lee. Meu noivo.
- AAAAH! VOCÊ VAI SE CASAR E NEM NOS CONTOU NADA?
- Também fiquei sabendo a pouco tempo.
- Muito prazer.
- O prazer é meu.
- Doyounggie, este é o Mark de quem eu te falei. – O loiro desceu do carro e caminhou em nossa direção.
- Você se deu bem hein, Ten. Ele parece ser uma pessoa do bem.
- Ele é.
Nós entramos no carro e nos dirigimos ao local. A boate tinha uma faixada exuberante, a fila que se formava era enorme.
- Não se preocupe, me antecipei e comprei as nossas entradas. – Afirmou.
- Que bom. Já estava pensando em desistir de entrar. A fila está imensa.
Doyoung estacionou o carro e nós adentramos. Se por fora já achei exuberante, por dentro então, nem se fala. Era uma festa de luz negra. Na entrada, fomos abordados por algumas pessoas que estavam com potes de tinta nas mãos.
“Corpo ou rosto?” Perguntaram.
- Rosto. – Rapidamente se aproximaram e começaram a desenhar algo em meu rosto com a tinta neon. Em Mark, fizeram-no retirar a camisa, o que me fez ficar com um pouco de ciúmes, já que o corpo dele é só meu.
Assim que terminaram de nos decorar, me dirigi ao banheiro e percebi o quanto eu estava bonito, modéstia à parte. Sei que Taeyong também achará.
Espera. Por que eu tô pensando nele?
Caminhei de mãos dadas com Mark até o balcão, onde pedi um drink qualquer, na esperança de encontrar Taeyong.
- Ele não tá aqui. – Sussurrei comigo mesmo.
- Ele quem?
- Ninguém, amor. – Sorri fraco.
Ufa. Essa foi por pouco.
- Já viu o Lee? – Doyoung cochichou em meu ouvido.
- Não.
- Ele tá ali. – Disse apontando para um canto.
Meu olhar se direcionou para um homem completamente diferente do que eu me lembrava. Taeyong estava mais musculoso, o que provavelmente é fruto de seu trabalho como barman; seu cabelo estava em um tom castanho maravilhoso, que lhe caiu muito bem; o suor escorria por sua testa à medida em que sacudia o drink que fazia, o que lhe proporcionava uma visão sexy de si mesmo.
- Trabalhando demais? – Perguntei ao me aproximar.
Não sei de onde surgiu a coragem, só sei que o fiz. Seus olhos se arregalaram ao me ver, não esperava essa reação dele.
- T-Ten?
- Olá Taeyong, quanto tempo, não é mesmo?
***
É isso aí galera, espero que tenham gostado!
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Mata ashita! :P
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