Yoo Minna!
Mais um capítulo pra vocês, espero que gostem!
***
Capítulo VII - Young, Wild and Free
Ten estava sentado à espera do
ultimato. Se encontrava apreensivo pelo o que poderia acontecer com seu único
amigo na nova escola, e se sentia culpado sabendo que este estava prestes a ser
expulso; duas figuras saíram cabisbaixas da sala do diretor. Havia uma clara
tensão entre elas, que logo se desfez quando o menor dos dois avistou ao
tailandês.
- Ten?!
- Mark, como foi?
- Ele será expulso. O diretor
entendeu que eu estava na briga por legítima defesa, o babaca que começou a me
bater. Mas mesmo assim fui suspenso por três dias.
- SÓ TOMOU EXPULSÃO? VOCÊ TINHA
QUE PROCESSÁ-LO! EU TINHA QUE PROCESSÁ-LO!
- Ten, se acalme.
- Você tinha que processá-lo por
homofobia. Eu só não o faço por causa do meu pai. Ele acha que não tenho mais
envolvimentos com homens. E é capaz de concordar com o cara que te bateu: “ser
gay não é natural”.
- Deixa isso pra lá, vamos pra
casa. – Concluiu o canadense, depositando um selo nos lábios do namorado.
UMA SEMANA ANTES
- Mark?! – Uma menina de cabelos
loiros cacheados se aproximou do moreno. – Sábado é a minha festa de 18 anos,
eu queria muito que você fosse.
- Sábado? Poxa, eu já tinha combinado
de sair com um amigo meu. – Retrucou.
- A-ah... você pode leva-lo se
quiser! Aqui o convite. – Disse, sacando um envelope preto do bolso.
- Bem, nesse caso... eu irei,
sim!
- Q-que bom. Te vejo no sábado.
Até lá!
- Até. – A menina concluiu e
caminhou para longe. Chittaphon, que se encontrava em silêncio até o momento,
falou:
- Você sabe que ela só te
convidou porque gosta de você né?
- E daí?
- E daí que você é gay, Mark. Se
não quiser, é só dispensá-la. Não a deixe criar expectativas em um
relacionamento entre vocês.
- Ten, pense menos e curta,
sábado temos uma festa para ir.
***
O lugar estava lotado. Era uma
casa de show. Música eletrônica ao fundo e adolescentes bêbados na pista de
dança.
- MARK! – A aniversariante vestia
um vestido rosa extravagante, com lantejoulas e purpurina, muita purpurina. No
cabelo, uma coroa com pedras tão brilhantes que ofuscaram a visão dos meninos.
- Mali! Feliz aniversário! –
Entregou-lhe uma caixa tão exuberante quanto às roupas da jovem. – Este é seu
presente.
- Obrigada. Obrigada por ter
vindo também... este é seu amigo?
- Sim, este é Ten. Ele estuda no
mesmo colégio que nós dois.
- Você é o garoto que estava
conversando com Mark no dia que eu entreguei o convite, certo?
- Eu mesmo. – Respondeu.
- Como nunca reparei em um garoto
tão bonito como você?
- Eu não me destaco muito. –
Retrucou em tom anasalado.
- Bem, aproveitem a festa! Eu
tenho que cumprimentar os demais convidados. Depois nós conversamos, Mark. –
Terminou sua frase com uma piscadela, que arrancou risadas do tailandês.
- Você é muito mal.
- É que ela deu em cima de você
descaradamente.
- Debochado. Vamos sentar?
- Lá fora, por favor. Detesto
lugares muito cheios como aqui.
- Tudo bem.
Os dois amigos se dirigiram à
varanda do lugar, que continha muitas mesas vazias. Sentaram-se na mais isolada
delas. Sem muito assunto, o Lee sacou seu celular, enquanto Ten se distraía com
seu cordão.
- Você nunca tira isso do
pescoço.
- Ahn? – Indagou, saindo do
transe. – Ah, o anel?
- É. A pessoa que te deu deve ser
muito importante para você.
- Ela é...
- Posso perguntar quem?
- Vocês dois têm uma coisa em
comum. – Quando Mark fez uma cara confusa, Chittaphon decidiu por revelar. – O sobrenome,
Lee.
- Ah sim.
- O nome dele é Lee Taeyong. É um
garoto do meu antigo colégio por quem eu sempre fui apaixonado. Um dia eu
resolvi me confessar e acabei descobrindo que ele era homofóbico.
- Que bosta hein.
- Pois é. Desde então, nós
vivíamos brigando. Toda vez que nos encontrávamos, havia uma tensão no ar.
Sempre pregávamos peças um no outro, até que um dia eu fiquei realmente magoado
com uma das brincadeiras e ele, vendo a minha tristeza, acabou se arrependendo.
Inclusive engoliu o orgulho e pediu desculpas, mas eu estava com um ódio imenso
por ele, então não o perdoei de início.
- E... ?
- Ele começou a me perseguir.
Ganhou uma obsessão que nem ele mesmo entendia. Até que, na primeira
oportunidade que ficamos sozinhos, tentou me beijar. Fiquei completamente
confuso, porque achei que ele era muito preconceituoso, e acho que ele também
ficou, já que me evitou durante dias. Só sei que no dia que estava embarcando
para voltar à Tailândia, ele foi ao aeroporto e nos beijamos. Ele se confessou
para mim e me deu isso. Um cordão com um anel pendurado. E dentro dele, suas
iniciais. Na caixinha onde estava o presente, tinha um bilhete: “Te esperarei.”
- Nossa... você me contou isso
com um brilho no olhar... deve amá-lo demais.
- Sim... mas não tenho esperanças
que vá reencontrá-lo. Não pretendo voltar à Coreia tão cedo.
- Então por que guarda o anel?
- Ele foi meu primeiro amor. É
difícil esquecê-lo.
- Sabe, já estive na mesma
situação que você, então se quiser superá-lo, eu posso te ajudar com isso. Só
preciso de uma chance. – Dito, Mark depositou a mão direita nas coxas fartas de
Ten, que se arrepiou com o toque repentino.
Os olhares se cruzaram e eles
ficaram naquela posição por longos segundos, até que o canadense tomou à frente
e começou a diminuir a distância entre eles. Antes que Chittaphon pudesse
perceber, já estava de olhos fechados e os lábios do amigo recaíam sobre os
seus.
O que era um selar doce e gentil,
logo se tornara feroz e selvagem. O maior abriu a boca, deixando que o menor
tomasse o controle do beijo. As mãos de Mark, antes na perna alheia, agora
contornavam as costas de seu amado. Ten também não se oprimiu: colocara seus
braços ao redor do pescoço do outro, enquanto brincava com os dígitos nos fios
lisos negros.
Os lábios de Mark eram macios e
gostosos e mexiam com o tailandês, porque, caralho, como aquele canadense
beijava bem. Quando os dois se separaram, Ten soltou um suspiro decepcionado,
que logo virou gemido ao ser atacado no pescoço – ponto sensível de seu corpo.
Com arrepios e mais calafrios o percorrendo, somente com aqueles toques já
estava excitado, mas acabaram por serem interrompidos com um barulho de uma
taça se chocando contra o chão. Os dois se viraram assustados, dando de cara
com a última pessoa que poderia ver a cena.
- Mali?! – A aniversariante
estava chocada. Seus olhos se encheram de lágrimas e ela saiu correndo dali. O
Lee tentou segui-la, mas seu parceiro o impediu.
- Deixa ela, assim ela saberá a
realidade e você não a iludirá mais.
- Mas...
- Sem, mas, Mark. Você gosta de
homens, nunca poderiam ficar juntos.
- Coitada...
- Eu sei. Que tal a gente sair
daqui? Falei pro meu pai que chegaria às 4 horas em casa, e nem é meia noite
ainda. Nós podemos fazer outras coisas até eu ter que ir embora. – Sorriu malicioso.
Assim, os dois saíram da festa e
entraram no motel mais próximo, não se importando com as consequências que os
atos trariam mais tarde.
***
O telefone de Ten vibrava naquela
manhã de domingo. Mesmo sabendo que eram onze horas, por chegar tarde em casa,
estava bravo com a pessoa que chamava por ele. Pegou o celular e, quase que instantaneamente,
sorriu.
[Relâmpago Markinhos] Está acordado? :3
[Relâmpago Markinhos] Ontem à noite foi muito bom.
[10] Acabei de acordar... e sim, foi muito boa.
[Relâmpago Markinhos] Quer sair mais tarde? Pegar um cineminha, talvez.
[10] Querer eu quero, mas prometi pro meu pai que o ajudaria com umas
coisas da empresa.
[Relâmpago Markinhos] Que coisas?
[10] Ele quer que eu assume o lugar dele futuramente, então está me
introduzindo aos tópicos de um bom administrador.
[Relâmpago Markinhos] E você quer fazer isso?
[10] Não. Meu sonho é ser cantor, mas ele nunca me apoiaria.
[Relâmpago Markinhos] Cantor? Não sabia que cantava.
[10] Áudio de 22 segundos.
[Relâmpago Markinhos] Caralho, você canta muito. Tem mais algum dom que
eu desconheça?
[10] Eu amo dançar.
[Relâmpago Markinhos] Já pensou em entrar pras empresas de
entretenimento da Coreia? Você se daria bem como um daqueles idols.
[10] Pensar eu já pensei né... mas quem disse que a minha família me
apoiaria? Eles querem que eu seja um economista.
[Relâmpago Markinhos] Sabe, Ten, você é jovem, selvagem, livre! Pode
fazer o que bem entender da vida. E se você disser que não quer ser um economista,
e quiser voltar para a Coreia, quem te impedirá de tal?
[10] O fato de eu depender deles financeiramente.
[Relâmpago Markinhos] Mas não era você quem vivia de empregos de meio
período? Por que não volta a trabalhar? Quando se formar, poderá seguir a sua
carreira como cantor.
[10] Não sei... tenho medo de não conseguir passar nos testes e ter que
engolir o orgulho e voltar pra debaixo das asas dos meus pais. E se eles me
renegarem? O que eu farei?
[Relâmpago Markinhos] Se continuar com esse pensamento, nunca conseguirá
realizar os seus sonhos. E quer saber de uma coisa? Depois da noite anterior,
pra onde você for eu irei atrás. Você não entrará nessa sozinho. Eu sempre
estarei ao seu lado, mesmo que apenas como amigo. Vamos superar as dificuldades
juntos!
[10] Mark... eu nem sei o que dizer.
[Relâmpago Markinhos] Que tal um: eu também quero passar as minhas
dificuldades com você.
[10] Eu também quero passar as minhas dificuldades com você...
[Relâmpago Markinhos] Mas?
[10] Mas eu não sei se estou pronto para um novo relacionamento. Você
sabe que ainda amo muito o Taeyong.
[Relâmpago Markinhos] Eu te disse ontem que te ajudaria a superá-lo, só
me dê uma chance, por favor.
[10] ... tudo bem.
[Relâmpago Markinhos] Namorados, então?
[10] Namorados.
***
No dia seguinte, já na escola, se
cumprimentaram com um selo nos lábios, o que, de início, causou certa
estranheza em ambos. Ao chegarem na sala de aula, uma multidão se formara ao
redor da lousa, que logo transferiu seu olhar para os recém-chegados.
- O que está acontecendo? –
Perguntaram a si mesmos.
Abriram espaço entre as pessoas e
avistaram um escrito revelador no quadro: “Mark Lee chupa rola.”
“Rola...” Pensou.
- Que merda é essa? – Ten correu
e pegou o apagador, tentando remover a ofensa escrita. – Não tem nada pra vocês
aqui, SAIAM! – E com o berro, as pessoas se desfizeram.
- Como eles descobriram? Eu
sempre tentei manter sigilo!
- Então você que é o viadinho
desgraçado que machucou o coração da minha irmã? – Mark se virou, deparando-se
com uma figura robusta de quase dois metros de altura.
- Do que você está falando?
- Minha irmã ficou o resto da festa
de aniversário dela chorando, porque o menino que ela gostava era gay.
- Mali?!
- Não se faça de desentendido! –
Terminou a frase com um soco no rosto alheio.
Mark cambaleou e caiu ao chão,
chocado com o que acabara de acontecer.
- Ser gay não é normal! É doença!
Você deveria se tratar! – A cada frase dita, o maior chutava uma parte do
frágil corpo de Mark, que se contorcia de dor.
- PARA! – Ten tentou pará-lo, mas
também foi atingido, batendo a cabeça na quina da carteira mais próxima,
desmaiando.
- TEN! – Mark, desesperado,
levantou-se e começou a revidar a luta.
Podia não ser muito grande ou
forte, mas com certeza era mais rápido que aquele à sua frente, se esquivando
de alguns dos golpes. Quando este abaixava a guarda, o Lee aproveitava e
desferia um soco na barriga, no rosto, e em algumas outras partes que não
convém serem ditas. Pouco tempo depois, um aluno assustado voltou com o diretor
do colégio, que levou ambos à sua sala. Outro estudante carregou o tailandês
inconsciente até a enfermaria, onde foi medicado e tratado, não por muito
tempo, já que acordara histérico por não saber o que poderia acontecer ao seu
namorado.
Levantou atordoado e, não
seguindo as orientações médicas de repouso, correu o máximo que conseguia até a
diretoria.
- O que foi aquilo de agora? –
Perguntou o diretor aos dois meninos.
- Esse desgraçado partiu o
coração da minha irmã. – Respondeu o maior.
- Nada a ver! A irmã dele gostava
de mim, mas nunca tivemos nada! Ela nem ao menos chegou a se confessar para
mim!
- E por que você supostamente
partiu o coração dela? – Indagou o diretor.
- Porque ela me viu beijando um
cara e começou a chorar. Aí esse homofóbico desgraçado veio se vingar e começou
a me bater, falando que homossexualidade é doença e que eu deveria me tratar.
- Foi isso mesmo que aconteceu? –
Perguntou ao outro.
- Foi sim. E não me arrependo de
nada que fiz. Ele quem deveria ter vergonha de estar se atracando a outro homem
na frente da minha irmã. Ela ficou traumatizada.
- E você se viu no direito de se
vingar batendo nele?
- Claro. Bati pra ver se deixava
de ser uma bixinha e virava homem.
- Já chega. Já ouvi o suficiente.
Mark Lee, você será punido com três dias de suspensão por ter se envolvido na
briga.
- Mas... – Mark não entendia o
que acabara de acontecer. Além de ser inocente e apanhar do nada, ainda fora
suspenso. O outro riu da situação.
- Não acho que você esteja na
posição de rir, Sr. Tee. Você está expulso do colégio. Ligarei para seus pais
que venham busca-lo.
- O QUÊ?
- Meu colégio não precisa de
alunos encrenqueiros como o senhor. Estão dispensados.
Assim, os dois saíram da sala.
Mark se sentindo vingado, e Tee, se sentindo traído.
- Eu vou acabar com você, Mark
Lee. Fiquei esperto. – Disse, dando o ultimato ameaçador final.
***
É isso aí galera, espero que tenham gostado!
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Mata ashita! :P
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